Arqueologia do Forte Orange

Archeology of Fort Orange

O litoral norte do Estado de Pernambuco foi o epicentro do processo de colonização portuguesa nesta parte do Brasil. Foi nesta região que em 1516 os portugueses instalaram uma Feitoria Régia. Posteriormente, em 1535, desembarcava, neste mesmo local, o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho e sua mulher D. Brites de Albuquerque.

A região prosperava e diversos engenhos de açúcar foram implantados. Além do açúcar, escoava por esta região produtos do extrativismo local como o Pau Brasil. Com a crise gerada pela união das coroas ibéricas, os holandeses resolvem ocupar o nordeste do Brasil para garantir-lhes o cobiçado comercio do açúcar.

No dia 15 de fevereiro do ano de 1630 uma tropa holandesa composta por milhares homens desembarca ao sul desta região na praia de Pau Amarelo. Após o desembarque as tropas holandesas marcham e ocupam a florescente cidade de Olinda.

No ano seguinte, em 1631, os holandeses resolvem ocupar a Ilha de Itamaracá, mais ao norte. O Canal de Santa Cruz, que separa a ilha do continente, era a principal via de acesso às áreas produtivas. Dominar a entrada do Canal significava controlar o acesso marítimo a Igarassú, a Vila da Conceição e as demais áreas de escoamento de riquezas.A tentativa não foi coroada de sucesso, pois a Vila da Conceição, comandada pelo Capitão Salvador Pinheiro, repeliu o ataque holandês. De regresso ao Recife o Tenente Coronel Steyen Callenfels determinou que fosse construído um forte com trinta e três bocas de fogo que denominou de Orange em homenagem ao príncipe Frederico Henrique de Orange, que era tio de Mauricio de Nassau.

Conscientes da posição estratégica desta área, os holandeses constroem o pequeno forte, na ponta sudeste da Ilha de Itamaracá, nas coordenadas de 007o 48' e 38.6'' de latitude sul e 034o 50' e 22.0'' de longitude oeste, objetivando o apoio para operações futuras. Ficaram guarnecendo este forte 80 homens sob o comando de Artichofsky e Schkoppe, dois militares que muito se destacariam entre as tropas holandesas.

Durante o governo de Mauricio de Nassau, pós 1637, o Forte de Orange foi melhorado e a área estava sob o controle holandês.

Nesta reforma o Forte de Orange tinha a sua porta voltada para o Canal de Santa Cruz e os alojamentos internos dos soldados encontravam-se afastados da contra muralha conforme se pode observar na iconografia holandesa.

Com a saída dos holandeses de Pernambuco, em 1654, o Forte de Orange foi ocupado por um "Corpo de Tropa" comandado pelo Mestre de Campo Francisco de Figueiroa.

Durante a ocupação portuguesa deste Forte a estrutura construtiva foi mantida por muitos anos. Apenas em 1696 uma carta régia determinou a sua reconstrução. No ano de 1777, por ordem do Governador José César de Menezes, o Forte de Orange assume aproximadamente a sua configuração atual, como se pode observar nas plantas portuguesas.

Em 1817 este Forte foi ocupado pelo padre Tenório por ocasião da Revolução Pernambucana. Passou em seguida por sucessivos períodos de ocupação e de abandono, chegando na década de 70 ao estado de ruína. Foi tombado pelo IPHAN, e recebeu, ao longo dos anos, várias intervenções que objetivaram a sua conservação. Participaram alternativamente destas intervenções o IPHAN, o CNPq, o Exército, a Policia Militar de Pernambuco. A partir da década de 70 o presidiário José Amaro participou, juntamente com outros presidiários, dos trabalhos de restauração do Forte. Após o cumprimento de sua pena, ocupou o monumento e avocou para si a responsabilidade de conserva-lo.

No ano de 1971 o Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco realizou uma prospecção arqueológica no interior do Forte resgatando informações que auxiliaram na restauração parcial que foi em seguida realizada.

Mais recentemente, em 2000, o Laboratório de Arqueologia da UFPE elaborou juntamente com a MOWIC Foundation o Projeto Forte Orange. Este projeto tem como objetivo o resgate de uma herança comum entre o Brasil e a Holanda. Os recursos foram aportados pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda, Ministério da Cultura do Brasil, através do IPHAN e pelo Governo do Estado de Pernambuco.

A pesquisa arqueológica foi realizada em duas campanhas. A primeira abrangeu os meses de janeiro, fevereiro e março de 2002, e a segunda campanha teve inicio em outubro de 2002 e foi concluída em junho de 2003. Após a conclusão da pesquisa arqueológica deverá ter inicio o projeto de restauração e implementação de um museu.

Escavação Arqueológica no Forte Orange - Campanha I
Escavação Arqueológica no Forte Orange - Campanha II
Visita da Rainha Beatrix - Holanda
Forte Orange, Sinagoga Kahal Zur Israel e Recife Antigo