Arqueologia do Reduto dos Marcos

Archaeology of the Marcos Reduct

  • Nome histórico: Reduto dos Marcos
  • Designação popular: Reduto dos Marcos (fortim).
  • Número de registro do sítio UFPE/LA: PE 0216-Ln.
  • Referências / identificação: Referências textuais; localização por prospecção e escavação arqueológica.
  • Capitania: Itamaracá.
  • Estado: Pernambuco.
  • Município: Igarassu.
  • Localização: Em frente à Itamaracá, no continente, próximo à barra sul do Canal de Santa Cruz. Próximo à Feitoria de Cristóvão Jaques.
  • Localidade: Barra dos Marcos.
  • Latitude: 007o 48' 44,2" Sul.
  • Longitude: 034o 53' 20,8" Oeste.

Histórico

A necessidade de garantir a fazenda real armazenada na Feitoria construída por Cristóvão Jaques em 1516, conduziu Pero Lopes de Souza, em 1532, a mandar construir um reduto para fazer face aos ataques franceses, que por duas vezes a saquearam. Este reduto, provavelmente teria sido construído inicialmente em madeira e, como foi prática comum, pelo menos parte de suas estruturas teriam sido gradativamente substituídas por pedra e cal. Por seus objetivos, o reduto dos Marcos seria um dos representantes do início da implantação de um sistema de defesa da costa brasileira.

O mapa de Moreno, de 1609, em que relaciona as praças fortes do Brasil, assinala na Ilha de Itamaracá, uma olaria, entretanto, não faz menção à fortificação que teria sido levantada por Pero Lopes de Sousa para garantir a Feitoria. Também não menciona a Feitoria, mas, segundo a documentação textual, dois tipos de construção teriam sido edificadas na área: a Feitoria e o reduto.

Por ocasião da ocupação holandesa, (1630) a área é novamente fortificada, tendo sido instalado um forte para garantir a passagem da "barra dos Marcos", topônimo que remete aos marcos divisórios entre as capitanias de Pernambuco e Itamaracá, e que persiste ainda nos dias atuais.

A fortificação nas proximidades da Feitoria continua sendo mencionada na documentação, até a retirada dos holandeses em 1654.

Comentários

A pesquisa arqueológica realizada pelo Laboratório de Arqueologia da UFPE possibilitou a identificação às margens do Canal de Santa Cruz, que separa a Ilha de Itamaracá do continente, do local em que existira o Reduto dos Marcos. Foram identificadas estruturas arquitetônicas a quarenta centímetros de profundidade, correspondentes a um espesso alicerce em pedra e cal. Quase toda estrutura corresponde a uma mesma unidade arquitetônica, apresentando uniformidade quanto ao material utilizado e à técnica empregada. Apenas um trecho da estrutura foi identificado como de construção mais recente, diferente da primeira. Representa possivelmente uma reforma na estrutura anterior. O material utilizado na construção da estrutura mais antiga, inclui além de pedra consolidada por argamassa de cal, fragmentos de telhas. A estrutura mais recente além do material citado inclui ainda fragmentos de tijolos. Observa-se ainda uma nítida diferenciação nas argamassas de cimentação, ainda que em ambas se tenha utilizado de cal proveniente da calcinação de conchas de moluscos. Pode-se observar conchas que escaparam à trituração, em meio da argamassa.

Os alicerces em ruína, evidenciados pelas escavações arqueológicas, não representam a totalidade da estrutura original. Após o abandono daquela estrutura, as pedras das paredes foram removidas, e com elas parte dos alicerces, possivelmente para serem utilizadas em outras obras. A remoção de pedras, tijolos, telhas, foi uma prática comum, para reutilização do material de construção. No conjunto remanescente, a estrutura permite identificar dois vãos de 13 e 33,75 metros quadrados respectivamente; entretanto apesar das mutilações pode-se observar que a estrutura continuava em direção ao canal. Não é possível ainda um diagnóstico seguro quanto à função da estrutura representada pelos alicerces exumados, face às mutilações que lhes foram imputadas. Entretanto, considerando-se a disposição e amplitude dos vãos, não se deve afastar a hipótese de tratar-se de alojamentos de um reduto.

Esta mesma prática pode esclarecer o fato de os alicerces não se encontrarem à superfície, mas a 40cm de profundidade.

  • Quanto ao tombamento: Não é tombado.
  • Ocupação atual do sítio: Os vestígios do sítio estão em propriedade particular. É feito controle da vegetação.
  • Condições para visitação: Em área particular, de acesso restrito.
  • Restrições à visitação: Área de condomínio fechado.
  • Estado de conservação: O sítio se encontra em estado vestigial. Os alicerces remanescentes foram, após a escavação arqueológica, consolidados e capeados por tijoleira de modo a deixar à superfície a forma das estruturas resgatadas.
  • Natureza dos remanescentes: Estruturas arquitetônicas (alicerces dos quartéis).
  • Tipo de trabalho realizado: Escavação arqueológica parcial realizada em 1967, documentação arqueológica, documentação fotográfica.
  • Fatores de destruição: As mudanças na linha de costa, provocando o desbarrancamento das margens, põem em risco o sítio.
  • Nível de risco de destruição: Reocupação da área; desbarrancamento do terraço onde está instalado, por ação natural das águas do Canal de Santa Cruz. A ação antrópica na área é um outro fator de destruição dos remanescentes deste sítio.
  • Medidas sugeridas: Remoção da grade que limita a propriedade e passa sobre as estruturas remanescentes, e aposição de placa indicativa. Estrutura de contenção da barranca.
  • Data da última avaliação: 06-Mar-98.
  • Fotografado em: 06-Mar-98.
  • Data mais recuada: primeira metade do século XVI.